11 setembro 2007

AO MEU PAI - 02 ANOS SE PASSARAM.

Este mês (dia 26) faz dois anos que o Sr. Leonardo (também chamado de Lió pela esposa) nos deixou. Mas eu tive muita vontade de escrever hoje. Meu PAI que já estava com 80 anos e sérias complicações de saúde, acredito que devido ao vício do álcool e do fumo. Homem de origem humilde, criado sem orientação, sem educação e sem carinho tendo que trabalhar desde muito cedo para seu próprio sustento. Eu sou a filha caçula, a mais mimada, a que teve (quase) todas as vontades feitas, a que mais se parece com ele fisicamente e um pouco no gênio forte também, a única que saiu branquinha como ele, de cabelos lisos como os dele. Lembro-me dele levando-me nos braços ainda bem pequena com aproximadamente 03 anos para a casa de seus fregueses me enchendo de chicletes e balas, dando bronca porque eu atrapalhava, também me lembro que eu ia dormir cedo quando criança e ele sempre contava historinhas muitas das vezes por capítulos pois eu sempre dormia antes do final, lembro da minha “balancinha” que ele fez depois de sarou da perna quebrada, afinal eu era sua enfermeira, levava o pinico e o café durante o tempo em que ele ficou acidentado (foi um ano sem poder andar engessado), não tínhamos ajuda de ninguém em nossos momentos difíceis mas mesmo assim superamos. Lembro das comidinhas (bolinho de bacalhau) (bucho), ele se virava com o jantar, pois minha mãe chegava cansada. São tantas lembranças que não caberiam aqui, uma delas me toca profundamente, é de quando eu fiquei grávida (antes de casar) apenas com 18 anos, já vi muitos pais ‘educação’ e ‘graduados’ que quando se depararam com esta situação em casa, ‘surtaram’ e até maltrataram suas filhas, mas meu pai dentro da sua ‘ignorância’ não me tratou mal, pelo contrário se colocou a disposição para o que eu precisasse e durante o tempo que ainda fiquei morando com meus pais antes de mudar para a minha casa ele me tratava muito bem, nunca me humilhou, nunca jogou na minha cara o fato de eu estar grávida e tão novinha (este foi um momento onde todos apontaram e criticaram ao invés de ajudar ou dar uma palavra amiga). Quando meu filho nasceu ele ficou muito feliz, quando voltei para o quarto após sair da sala de cirurgia lá estava meu PAI, lembro-me das palavras dele como se fosse hoje: “Fia, (era assim que ele me chamava) vai ser bonito lá em casa, eitâ nenê grande, os olhos parecem duas jabuticabas”. Pois é eu não tive PAI rico, educado, cheio de princípios e tal, mas tive um PAI de verdade que estava presente no dia mais importante da minha vida e que dentro de suas limitações e problemas foi o pai que Deus me deu. As coisas chatas e ruins eu fiz questão de esquecer, é bem melhor assim !!! Seus últimos onze dias ele passou no hospital, já debilitado e sem raciocínio lógico, saiu de casa enrolado em um cobertor e não voltou mais, já havia terminado seu tempo aqui na terra, cumpriu sua missão, passou por diversas coisas, criou seus filhos a sua maneira, afinal quem não recebeu carinho e amor fica difícil passar a diante. Em seu último dia de vida (um domingo) fui na igreja pela manhã e orei pedindo a Deus que acabasse com seu sofrimento, e na mesma manhã o Senhor o fez descansar. Homem sem religião, acabou por receber a visita de um pastor dias antes de falecer e aceitou Jesus sem mesmo ter vivido o amor de Deus na sua vida. Hoje sinto falta de não ter um PAI, vejo as mulheres da minha idade que ainda tem seus pais muitas vezes jovens e os tem como melhores amigos, vejo os meninos da idade do Cacá com seus avôs passeando, nós não temos isto, mas tenho lembranças guardadas no meu coração. Fico pê da vida quando vejo um filho maltratando seu pai ou sua mãe, dizendo palavras feias etc. muitos não sabem que na bíblia esta escrito: honra teu pai e tua mãe. Mal sabem eles que o preço a pagar é muito caro, e só quem não tem é que dá o devido valor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Me emocionei com seu depo. Tenho certeza que vencerá muito mais parabéns pelo coração que tem. Fê